quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É possível morrer de solidão?

O caso hoje divulgado da velhota foi que encontrada, morta, nove anos depois, num apartamento em Rio de Mouro, às portas de Lisboa, prova que sim. Nem o cão da senhora resistiu. E ainda mais kafkiana a coisa se torna quando a vizinha tentou fazer diligências junto das autoridades para que se averiguasse a situação, sem que ninguém pareça ter-se preocupado muito.

É estranho o facto de a vida continuar a correr normalmente à volta daquela casa. Ou seja, a senhora morreu sozinha, mas acompanhada pela restante dúzia de famílias que coabitavam no mesmo prédio. Estranho conceito.

Espero, quando já for velho, ter pelo menos algum dinheiro e lucidez para me internar voluntariamente num lar ou lá o que for na altura. Ou poder fazer outra coisa qualquer que me dê na telha. Sobretudo isso: poder decidir.

15 comentários:

  1. Credo!
    Assutador, lamentável, triste...
    O pior é que sinto que é perfeitamente normal. Estou à 2 anos na minha casa e não conheço vizinhos nenhuns...

    ResponderEliminar
  2. @X: Será este o preço a pagar pelo anonimato que uma cidade permite oferecer?! E não é caricato ouvir as vozes dos vizinhos, nos apartamentos ao lado, e não sabermos quem está perto de nós?!

    ResponderEliminar
  3. Eu tive conhecimento do caso através de um jornal e fiquei verdadeiramente chocado. A incompetência das autoridades, a negligência de quem deveria ter solucionado o problema no seu devido tempo e não o fez provoca-me uma enorme revolta. A atitude das Finanças que abrem um processo contra alguém que está oficialmente desaparecido também é extraordinário. Sabendo que uma idosa está desaparecida e que não há a mínima ideia de onde ela poderá estar, não será razoável que a porta da sua casa seja arrombada?
    A dignidade da pessoa humana - até a um funeral digno - vale trinta mil euros em Portugal. Foi devido à infeliz venda do imóvel em leilão que o corpo foi encontrado. Espero que o Estado pague um funeral honroso e digno à senhora. É o mínimo que podem fazer.

    lots of love ^^

    ResponderEliminar
  4. Um acontecimento triste, vergonhoso para um país que se diz civilizado!
    Eu já conheço os meus vizinhos todos. Pode ter os seus pontos negativos, mas eles também sabem da minha existência.
    E ainda haveria a minha família. Onde estava a família da senhora? Lamentável.
    Ikki

    ResponderEliminar
  5. @Mark: isso é, de facto, deveras preocupante. Penhorar algo quando nunca se chegou sequer a um contacto presencial. Ainda mais estranho porque essas cartas oficiais vêm normalmente com aviso de recepção. E pressupondo que ninguém assinou esse aviso...

    Esperemos que isto sirva de lição...

    Um abraço!

    ResponderEliminar
  6. @Pinguim: lembrei-me precisamente de um post que tinhas escrito há uns tempos...

    ResponderEliminar
  7. @Ikki: partilho contigo essa opinião. Acho que devemos conhecer os nossos vizinhos e até criar relações de vizinhança. Desde que isso não signifique intromissão nas vidas alheias. Só que, por vezes, a barreira é muito ténue.

    Um abraço!

    ResponderEliminar
  8. @Tiago: e ao mesmo tempo estranho. Repara que foi uma questão económica a ditar o encontro da senhora. Um abraço!

    ResponderEliminar
  9. É possivel morrer de solidão. Isso te garanto.
    Infelizmente. Sei o que isso é. E mais não digo

    ResponderEliminar
  10. @Sôfrego: esperemos que possas deixar de o saber em breve! A Primavera está a chegar! Ânimo!

    ResponderEliminar
  11. Amigo...as coisas não mudam com as estações do ano. Cada vez me sinto mais cansado de lutar.
    Farto

    ResponderEliminar
  12. @LusoBoy: é mesmo!

    @Sôfrego: vá lá! Ânimo!

    ResponderEliminar