quarta-feira, 25 de maio de 2011

Onde estamos?

Como é possível seres humanos rirem da desgraça alheia, verem uma jovem a ser brutalmente espancada, não agirem e filmarem com o telemóvel?! Se fosse uma cena da «Laranja Mecânica», do Stanley Kubrick, ainda acreditava, mas aqui tive de ver para crer. Não me costumo emocionar, mas não consegui não ficar perturbado ao ver algo que não é ficção, nem filme, nem sequer uma novela. Se estes são os jovens que dentro de um ou dois anos vão votar, então prefiro que nem o façam ou que votem em branco. Não creio que estas sejam pessoas que alguma vez possam vir a ter valores ou a estar preparadas para decidir algo. Se estes valores agora não estão consolidados, nunca mais estarão. Não coloco aqui o vídeo, porque é demasiado mau, mas apenas um excerto do Telejornal. Escrevo este post não por uma questão mórbida, mas apenas para se perceber o quão mórbido pode ser o homem. Nos sites noticiosos está o vídeo completo. Noutras circunstâncias, nunca apelaria ao visionamento de imagens destas. Neste caso, trata-se de uma questão cívica para perceber que paradigma atravessamos.



Mais aqui.

15 comentários:

  1. É das coisas mais chocantes a que me foi dado assistir nos últimos tempos.
    E pensar que ninguém vai ser punido por tudo isto; e pensar que alguém teve a frieza e cobardia de filmar e não intervir...
    Mas para onde estamos nós a ir???????????

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  2. Subscrevo tudo o que escreveste. O vídeo é de uma violência atroz! De facto, tal como ao Pinguim, pese embora as duas agressoras tenham usado uma violência e tido um comportamento completamente inaceitáveis, o que ainda mais me perturbou foi a falta de auxílio e o carácter contemplativo e sádico dos restantes indivíduos que assistiam a tão degradante espetáculo. Nem sei se tal não configurará um crime à luz da nossa moldura penal (ainda não tenho Direito Penal). Segundo o que ouvi, o indivíduo que gravou aquele vídeo tem 16 anos, logo, é imputável.

    Abraço.

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  3. o facto de só agora surgir um video sobre o assunto não significa que estas coisas antes não acontecessem já, simplesmente não tinham tanta visibilidade. e de certeza que há muitos adultos que fazem o mesmo... no fim de contas também se aprende por exemplo.

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  4. O Zeh tem razão, simplesmente agora há mais visibilidade...todos os dias isto acontece em escolas, às vezes cenas ainda piores, é a realidade! talvez com a tamanha visibilidade actualmente se possa ter noção e consciência que há definitivamente algo que tem que mudar...e não me refiro ao primeiro ministro, refiro-me aos valores sociais e à educação cívica.

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  5. Também escrevi sobre isto hoje. Chocante. Coisas destas sempre aconteceram (a violência), mas o pior de tudo é a passividade e a conversão do filme num objecto de diversão e até mesmo de culto. Esta é a novidade relativamente a tempos idos.

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  6. @Pinguim: segundo o que li, qualquer punição que venham a receber não será nada de especial. Ali, o que transparece, é que vale tudo, menos a lucidez...

    @Mark: ainda estão a decidir se será ou não crime público. Segundo ouvi hoje no rádio, o jovem que filmou tem 18 anos e já tinha sido detido na semana passada por ter roubado um telemóvel... Abraço!

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  7. @Zeh: claro que sim, o espelho de casa contribui em muito. Eu na escola também fui alvo de bullying, uma das vezes com uma cena preparada contra mim, à saída, e só muitos anos depois contei à minha mãe. Neste caso, se a visibilidade servir para abalar consciências, do mal ao menos o impacto que isto está a ter nos media.

    @Meia Noite e um Quarto: é isso que penso. Esta onda mediática, espero que traga algo proveitoso, que deixe alguns alertas sobre o fenómeno. Afinal, foi justamente o que aconteceu quando descobriram a idosa morta num apartamento há não sei quantos anos: a partir daí o fenómeno do isolamento ganhou uma outra dimensão (não sei é se agora não terá voltado a cair no esquecimento, mas enfim). O problema é que os valores não se mudam num mês, nem sequer num ano...

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  8. @Silvestre: já li as tuas impressões no teu blogue e subscrevo. O absurdo daquilo, além da falta de ajuda, foi a ânsia de filmar para colocar na rede social, onde a violência da agressão parece que era proporcional à vontade de captar o melhor ângulo. Não sei se reparaste, mas a pessoa que filmou dá-se ao trabalho de fazer um zoom. Macabro, de facto! Como diz um professor meu, já não vivemos primeira, segunda ou terceira, mas provavelmente numa quarta realidade.

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  9. Só quem está longe das escolas e a milhas da realidade cultural deste país e da sua Educação (ou falta dela), se pode surpreender com videos destes. Viva a impunidade e os "pequenos budas" dos seus papás.
    LM(Não consigo abrir a minha conta)

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  10. @LM: por vezes, acho que nem os próprios professores se apercebem do que se passa dentro dos muros da escola (ou não querem ver). Quem pratica a violência, ou fá-lo de uma forma dissimulada, ou procura o exterior para exercer o bullying de uma forma mais livre e gratuita...

    Por acaso, aparece a tua imagem.
    Afinal o login resultou.
    Um abraço!

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  11. Fato como esses estão se tornando frequentes no mundo, inclusive no Brasil, gera repercussão, porém tudo se torna comum, ninguém é punido, os pais somente são intimados a uma reunião...
    Se jovens demonstram essa violência, imaginem o tipo de adultos que se tornarão...
    Forte abraço!

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  12. @Ro Fers: infelizmente, o fenómeno não é inédito. Aqui, em Portugal, temos alguma proximidade com as notícias do Brasil e dá para perceber que desse lado do Atlântico também existem alguns casos de violência semelhantes.

    Dizem que o ser humano é violento por natureza... mas também nos devemos lembrar que deveria ser racional por natureza...

    Um abraço!

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  13. Isto e violencia gratuita.
    As duas raparigas e o rapaz que filmou fazem-no para mostrarem que sao superiores, embora eu acho que eles sao inferiores.
    Quem fica a ver e nao actua, ou gosta de violencia gratuita ou tem medo de levar porrada tambem.

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  14. É um episódio repugnante e sádico! São autênticos "animais".
    Concordo com o que escreves. Espero que a punição seja exemplar, para mostrar á sociedade os princípios sobre os quais se deve reger!
    Abraço!

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  15. @???: Acho que aquilo foi tudo um teatro bárbaro e cobarde... Enfim... Um abraço!

    @Ikki: pelo menos, a medida de coacção da rapariga já foi considerada bastante exemplar e até deu que falar por ser superior à norma.

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