sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Dualidades



Oiço tanta gente a queixar-se de que tem falta de tempo, que não consegue fazer o que quer, que trabalha como se não houvesse amanhã. Às vezes, também me queixo do mesmo. Mas ficamos a pensar duas vezes quando alguém nos diz: «eu gostava de não ter tempo. Estou desempregada e até tenho muito tempo de sobra». Estranhas dualidades estas dos tempos modernos. Não é só a riqueza mundial que está mal distribuída. É também o tempo. E até os afectos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Velhos hábitos


Por mais agendas que tenha e que me ofereçam no início do ano, dou por mim a apontar coisas importantes em folhas soltas, post-it e cadernos. O resultado? Ando sempre à procura... (Ok, mas no final de tudo até que é uma desarrumação organizada!)

Adenda

Só para fazer uma adenda ao texto anterior, deixo, para memória futura, alguns artigos de opinião que têm debatido as fronteiras associadas limites da liberdade - preferia falar em responsabilidade - de expressão. Outros, nem tanto, mas mesmo assim merecem uma vista de olhos. Em foco, essa nova forma de bullying social: os comentários dos jornais.

Carlos Castro: a culpa é sempre dos gays, não é?
Já é legal ameaçar de morte os 'gays'?
Tão simples
'Liberdade respeitosa' (ver o último parágrafo)
No país do ódio (anterior a tudo isto, mas pertinente)
As caixas de comentários são como as portas dos WC públicos
O que eu temia que se viesse a escrever (e, aliás, referi no último post)

E mais uma cosinha vista aqui:

Brandos costumes my ass



Querem perceber (ou tentar perceber) este ressentimento, este ódio que emergiu contra a figura do Carlos Castro? Este ódio que aparece vindo do nada. Este ódio que assusta, porque vem mesmo lá de dentro. Se querem, leiam este livro. Rentes de Carvalho fez aqui o estudo desse adn português, dessa "raiva que assusta", para citar o próprio Rentes. O livro não é sobre a homossexualidade. É sobre este adn violento dos portugueses, que se vê nesta homofobia louca ou na morte de 40 mulheres por ano. Brandos costumes my ass.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Generalizações? Não, obrigado!

Não era para escrever nada sobre o assunto do assassinato do jornalista Carlos Castro. Qualquer que tenha sido o móbil do crime, foi algo de hediondo e absolutamente condenável. Que seja apurada toda a verdade! Ponto final.

O que agora mais me preocupa é o facto de o fenómeno da violência entre bissexuais e homossexuais vir de uma forma generalizada para os programas da manhã, tarde e noite, com profusões ainda espalhadas pelos telejornais e revistas mais ou menos cor de rosa, como se toda a relação não heterossexual fosse agora sinónimo de um poço de violência.

Claro que pode haver violência. Como em todas as relações heterossexuais. Não deveria acontecer em nenhuma, é certo. Mas agora, pelos vistos, o mito vai ser difícil de desmistificar. E como o tema até é bom para conversas de café, podem apostar que se vai prolongar nas próximas semanas.

Por outro lado, creio que o caso do assassinato do Carlos Castro – horrível, friso uma vez mais – vai fazer regressar os estereótipos que até se tinham começado a esbater (ainda que lentamente), depois de aprovado casamento de pessoas do mesmo sexo.

Não quer isto dizer que quem não aceitasse passasse a aceitar, mas era algo que as mentes mais obscuras já se tinham habituado a ouvir.

Nos próximos dias, claro que se vão esquecer todos os casos de violência doméstica, muitos deles terminados em morte, que ao longo dos últimos anos foram preenchendo as páginas dos jornais. Todas as dezenas de vítimas mortais de violência heterossexual vão agora ser esquecidas. E não é preciso recuarmos muitas semanas para encontramos casos sinistros amplamente noticiados.

Mas agora é tudo o que se passa entre iguais que importa colocar em cima da mesa. Porque foge à norma. E, afinal, esse é um dos chamados valores-notícia.

E claro, há outras coisas que também vão ser postas de parte. Alguém mais ouviu falar em BPN ou eleições presidenciais? Pois, eu também não.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Conselho

«Não podes continuar a pensar demasiado. 
Se insistires nisso, nunca vais conseguir ser feliz».

E digam lá se os irmãos não são sábios?

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Jazz, sim. Se voltasse a ser com brancas, melhor!

Como pode a Antena 2 ter abdicado do programa «Jazz com Brancas», do José Duarte, e tê-lo substituído por um novo, com novas pessoas, que mais parece estarem a fazer um teatrinho de escola e a ler os textos que têm à frente sem qualquer entoação. Ah, e claro, a passar Nina Simone e Keith Jarret no primeiro programa. É claro que gosto desses dois monstros do jazz! Mas, por favor... escusava de ser tão fácil!

...Viva o serviço público!

sábado, 1 de janeiro de 2011

Primeiras notas de 2011

Acabei agora de chegar da passagem do ano. Um jantar simples, mas com pessoas agradáveis e a doce presença de ter os avós por perto, que este ano atravessaram situações complicadas.

A seguir, fui ver uns fogos de artifício e escutar duas ou três músicas. Depois disso, tive necessidade de me recolher, não sem antes me irritar, já que quando cheguei ao carro estavam três marmanjos, dois deles sentados em cima do carro (grrrr). Não pude protestar muito, porque estavam com garrafas de álcool por perto e a coisa podia dar para o torto, mas ainda fui verificar se havia problemas.

Não notei as pessoas particularmente exuberantes à meia-noite. Foi como se tivessem medo de festejar. No fundo, acho que sentiram que se estivessem a festejar, seria como brindar à crise e às dificuldades que se avizinham.

Enfim, só um pequeno desabafo. E não, não é do álcool. Só bebi coca-cola zero. Mas 2010 foi para mim um ano difícil: perdi dois familiares chegados, morreu-me nas mãos aquele que foi o meu mais próximo animal de companhia e que tinha há uma década, foi um ano com algumas complicações familiares em termos de doenças e, para rematar, sofri um daqueles «baques do coração» da forma mais inesperada e cobarde que se possa imaginar.

Melhores tempos virão. I hope so! Bom ano para todos!
(E sim, escrito a azul que é para dar sorte!) :):):)



PS: já que hoje é dia de sentimentalismos, gostei das mensagens de ano novo que me foram deixando ao longo dos últimos dias aqui no canto. Da mesma forma, gostei da forma simples que todos os blogues (entenda-se pessoas que estão por detrás deles) que diariamente leio e sigo, partilharam livremente (coisa cada vez mais rara que corre nos dias de hoje) as suas ambições para o novo ano e apresentaram os seus votos. Foi como estar em família! Help! Estou um fucking saudosista!