O teu nome não aparecia no visor do telefone há algumas semanas. Depois de o aparelho não dar mais de dois ou três toques, atendi. A tua voz, hesitante, perguntou como eu estava, ao que respondi que «bem», mesmo após um dia cansativo. Retorqui a pergunta e questionei a que se devia «tão ilustre telefonema». Respondeste que telefonavas por que querias. Depois disso, os assuntos começaram a não fluir. Afirmaste que estava dificultar as coisas. Mas não sinto que era apenas eu que o estava a fazer. Foi mútuo. Foi a distância. Foi o tempo. Afinal, ainda falaste menos que eu. Mas isto não é nenhuma competição, apesar de os teus silêncios – que os aprecio – serem bem maiores do que os meus. As amizades, relações ou o quer que seja, quando não são cultivadas ou foram sujeitas erosão, custam a recuperar. Apesar disso, não estou zangado. Nem conseguiria estar. Continuo a mesma pessoa. Apenas vejo as coisas com outro espírito e não posso mais manter a letargia que me tolhe há meses. Houve uma altura em que preferi não pensar em nada, mas isso levaria a quê? Também não encontrei resposta. Afinal, nunca fui muito bom em respostas espontâneas. Com excepções, são pouco felizes.
25 de Novembro
Há 15 horas
Saudades de um futuro que não vai acontecer porque erodiu? Mesmo no presente, transportou o passado a um amanhã e isso fez-te sentir saudades de um porvir improvável?
ResponderEliminar"Não pensar em nada", não te leva de facto a lado algum...mas pensar às vezes também não...eu que o diga!
(Só a título de curiosidade, o teu relato quase que assenta ipsis litteris no princípio da minha noite de ontem. Mas eu não disse isto!)
Escreves muito bem. E também adorei o título, "saudades do futuro". Quanto ao conteúdo em si, é sempre uma fase estranha a que descreves.
ResponderEliminar@Pedro: Poderia ser essa interpretação. Provavelmente há umas semanas atrás seria, de certeza. Agora não: são saudades de um futuro realmente em branco, não manchado por outras coisas pendentes.
ResponderEliminarEu sempre pensei demasiado, até à exaustão. Digamos que depois deixei de o fazer. Agora tento procurar o balanço: não é fácil, mas preciso disso.
Ah, e encontrar pontos «comuns» é sempre reconfortante!
Abraço.
@LusoBoy : nem imaginas como fiquei contente com as tuas palavras. Fica-se sempre com um sorrizinho (ridículo)e com as rugas da testa contraídas perante um elogio! :):):)
ResponderEliminarSabes onde é que esta expressão das «saudades do futuro» é muito utilizada? Na língua alemã. Já não me lembro bem, mas eles têm algumas expressões que, traduzidas à letra para o português, resulta nesta expressão.
Quanto à fase, será superada! Assim o espero.
Um abraço.
Escreves mesmo muito bem. E a fase é estranha, algo confusa, mas com o tempo e com vontade tenho a certeza que a ultrapassarás!
ResponderEliminarHugz ;)
@Little Tiago Boy: obrigado pelas palavras simpáticas e pela cócega no ego! :)
ResponderEliminarVontade para ultrapassar não me falta. Vai indo...
Um abraço e vai aparecendo se e quando tiveres vontade.