O teu nome não aparecia no visor do telefone há algumas semanas. Depois de o aparelho não dar mais de dois ou três toques, atendi. A tua voz, hesitante, perguntou como eu estava, ao que respondi que «bem», mesmo após um dia cansativo. Retorqui a pergunta e questionei a que se devia «tão ilustre telefonema». Respondeste que telefonavas por que querias. Depois disso, os assuntos começaram a não fluir. Afirmaste que estava dificultar as coisas. Mas não sinto que era apenas eu que o estava a fazer. Foi mútuo. Foi a distância. Foi o tempo. Afinal, ainda falaste menos que eu. Mas isto não é nenhuma competição, apesar de os teus silêncios – que os aprecio – serem bem maiores do que os meus. As amizades, relações ou o quer que seja, quando não são cultivadas ou foram sujeitas erosão, custam a recuperar. Apesar disso, não estou zangado. Nem conseguiria estar. Continuo a mesma pessoa. Apenas vejo as coisas com outro espírito e não posso mais manter a letargia que me tolhe há meses. Houve uma altura em que preferi não pensar em nada, mas isso levaria a quê? Também não encontrei resposta. Afinal, nunca fui muito bom em respostas espontâneas. Com excepções, são pouco felizes.
A reler
Há 23 horas
Saudades de um futuro que não vai acontecer porque erodiu? Mesmo no presente, transportou o passado a um amanhã e isso fez-te sentir saudades de um porvir improvável?
ResponderEliminar"Não pensar em nada", não te leva de facto a lado algum...mas pensar às vezes também não...eu que o diga!
(Só a título de curiosidade, o teu relato quase que assenta ipsis litteris no princípio da minha noite de ontem. Mas eu não disse isto!)
Escreves muito bem. E também adorei o título, "saudades do futuro". Quanto ao conteúdo em si, é sempre uma fase estranha a que descreves.
ResponderEliminar@Pedro: Poderia ser essa interpretação. Provavelmente há umas semanas atrás seria, de certeza. Agora não: são saudades de um futuro realmente em branco, não manchado por outras coisas pendentes.
ResponderEliminarEu sempre pensei demasiado, até à exaustão. Digamos que depois deixei de o fazer. Agora tento procurar o balanço: não é fácil, mas preciso disso.
Ah, e encontrar pontos «comuns» é sempre reconfortante!
Abraço.
@LusoBoy : nem imaginas como fiquei contente com as tuas palavras. Fica-se sempre com um sorrizinho (ridículo)e com as rugas da testa contraídas perante um elogio! :):):)
ResponderEliminarSabes onde é que esta expressão das «saudades do futuro» é muito utilizada? Na língua alemã. Já não me lembro bem, mas eles têm algumas expressões que, traduzidas à letra para o português, resulta nesta expressão.
Quanto à fase, será superada! Assim o espero.
Um abraço.
Escreves mesmo muito bem. E a fase é estranha, algo confusa, mas com o tempo e com vontade tenho a certeza que a ultrapassarás!
ResponderEliminarHugz ;)
@Little Tiago Boy: obrigado pelas palavras simpáticas e pela cócega no ego! :)
ResponderEliminarVontade para ultrapassar não me falta. Vai indo...
Um abraço e vai aparecendo se e quando tiveres vontade.