Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andressen
25 de Novembro
Há 15 horas
Gosto tanto deste poema. Tinha-o perdido algures na minha mente. O meu ideal é também esse "tu".
ResponderEliminar:)
Abraço.
@Pedro: este é um daqueles poemas que sei de cor - e não tenho assim tantos decorados! Onde é que andará esse «tu» ideal? Será que existe?
ResponderEliminarUm abraço!
Tem que existir. Se eu existo. Por silogismo haverá então outro "tu".
ResponderEliminar:)
A "minha" Sophia!!!!
ResponderEliminarSempre que a reencontro, me sinto bem.
@Pedro: Não duvido que ambas as coisas existirão. Aliás, perante tão bem estruturado argumento, não posso sequer retorquir! :)
ResponderEliminar@Pinguim: Há textos que nos reconfortam. É mais ou menos como rever os amigos do peito, depois de algum tempo. Este, creio que será um deles!
ResponderEliminarUm abraço.