Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andressen
Que dizer ou pensar até
Há 13 horas
Gosto tanto deste poema. Tinha-o perdido algures na minha mente. O meu ideal é também esse "tu".
ResponderEliminar:)
Abraço.
@Pedro: este é um daqueles poemas que sei de cor - e não tenho assim tantos decorados! Onde é que andará esse «tu» ideal? Será que existe?
ResponderEliminarUm abraço!
Tem que existir. Se eu existo. Por silogismo haverá então outro "tu".
ResponderEliminar:)
A "minha" Sophia!!!!
ResponderEliminarSempre que a reencontro, me sinto bem.
@Pedro: Não duvido que ambas as coisas existirão. Aliás, perante tão bem estruturado argumento, não posso sequer retorquir! :)
ResponderEliminar@Pinguim: Há textos que nos reconfortam. É mais ou menos como rever os amigos do peito, depois de algum tempo. Este, creio que será um deles!
ResponderEliminarUm abraço.